quarta-feira, 30 de março de 2011

Portugal realiza pela primeira vez uma World Naked Bike Ride

Lisboa prepara-se para acolher este ano pela primeira vez a World Naked Bike Ride, um evento que se realiza anualmente em dezenas de cidades do mundo, e que não deixa ninguém indiferente. A data escolhida é, nem de propósito, o dia 5 de junho, decretado pelas Nações Unidas como Dia Mundial do Ambiente.

Um protesto pacífico, criativo e divertido contra a dependência do petróleo e a cultura do automóvel, ou a celebração da bicicleta e da individualidade do corpo humano. A nudez durante este evento simboliza a relativa vulnerabilidade do ciclista no trânsito.

A World Naked Bike Ride é um passeio de bicicleta internacional, em que as roupas são opcionais. Os participantes circulam em massa em meios de transporte de propulsão humana, como bicicletas, skates ou patins, com o objetivo de promover o ideal de um mundo mais limpo, mais seguro e mais positivo acerca do corpo humano.

A primeira Naked Bike Ride teve lugar em Saragoça, Espanha, em 2001. Dois anos mais tarde, Conrad Schmidt concebeu a World Naked Bike Ride depois de ter organizado outros eventos parecidos. O movimento começou a ganhar dimensão, de tal forma que em 2010, realizou-se já em 17 países, num total de 74 cidades, dos EUA ao Reino Unido, da Hungria ao Paraguai.

A partida da primeira World Naked Bike Ride portuguesa será do Parque Eduardo VII, em Lisboa. O lema é "pedala o mais nu que conseguires", ou seja, os participantes até podem ir vestidos, se assim preferirem. O pelotão irá então pedalar nu ou com a menor roupa possível, desde o Parque Eduardo VII até à torre de Belém.

Mais informações sobre este evento em Lisboa, no blog do projeto:

worldnakedbikeridelisboa.blogspot.com

O seguinte vídeo mostra como um evento deste género consegue mobilizar as pessoas. Foi filmado em 2010, aqui bem perto, em Londres.

domingo, 27 de março de 2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

Próxima 6ª feira é dia de Bicicletada!

Depois de duas edições consecutivas com sucesso, é já esta semana que se realizará a 3ª Massa Crítica (ou bicicletada) em Braga. Na próxima sexta-feira, dia 25 de março, pegue na sua bicicleta e venha para a rua celebrar a mobilidade sustentável!

O ponto de encontro escolhido é o chafariz da Arcada (Av. Central, a partir das 18 horas. Apareçam! :-)

Mais informações estão disponíveis na página da Massa Crítica Braga, no Facebook, ou no site da Massa Crítica - Portugal.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Um ano a pedalar para o trabalho

Hoje é um dia especial! Faz hoje um ano que comecei a ir de bicicleta para o trabalho e a deixar o carro em casa.

É da praxe, nestas ocasiões, fazer-se um balanço do que correu bem ou mal, das metas alcançadas, etc. Pois bem, com cerca de 2950km percorridos (90% dos quais em deslocações utilitárias), o balanço parece-me ser francamente positivo.

Num ano inteiro, poucos foram os dias em que usei o carro para me deslocar para o emprego. Aprendi a lidar com o sol, com o calor, e também com o frio e a chuva. Pus de parte o receio do trânsito e aprendi a circular de bicicleta na rua, juntamente com os demais veículos. E vi que tudo isso era afinal mais fácil do que parecia inicialmente.

Continuo a não saber nada de mecânica, mas já sei o nome das principais peças da bicicleta, e consigo tratar daqueles pequenos ajustes que vão sendo necessários no dia-a-dia.

Pelas minhas contas, ao ter deixado o carro em casa, poupei este ano mais de 300 euros em combustível, e praticamente outro tanto em manutenção do automóvel. Alem disso, a bicicleta permitiu-me poupar 5 a 10 minutos em cada viagem. O suficiente para passar a almoçar em casa mais vezes, uma opção bem maus saudável e mais económica do que comer fora todos os dias.

Há um ano atrás, diria que Braga não era uma boa cidade para pedalar. Hoje, contudo, estou convencido de que é uma cidade com um enorme potencial para o uso massificado da bicicleta como meio de transporte. É preciso algumas infra-estruturas essenciais, alguma sensibilização aos automobilistas e, sobretudo, que as bicicletas já existentes saiam à rua. Não só para servirem a sua função de meio de transporte, mas também como veículos que representam um estilo de vida mais saudável e mais amigo do ambiente. E mais agradável também!

Fiquei muito agradado ao confirmar em janeiro que afinal sempre há mais bracarenses a pensar como eu. A primeira Massa Crítica realizada em Braga contou com 8 participantes (e eu nem sequer era um deles). A de fevereiro teve quase o dobro da adesão, um aumento que testemunha, na minha opinião, uma vontade latente de boa parte da população de vir para a rua pedalar livremente e em segurança.

A verdade é que todos os dias me cruzo em Braga com alguns ciclistas que vão na sua bicicleta até ao trabalho, até à universidade, ou até ao café. Alguns só quando está sol, outros mesmo que chova a cântaros.

Não, não estamos sós. E, com a gasolina a mais de 1,50 euros por litro, cada vez fará mais sentido ponderar formas de transporte alternativas. A bicicleta é o melhor meio de transporte individual para percursos curtos ou médios, e estou certo de que o seu uso continuará a aumentar em cidades como Braga, Porto ou Lisboa. Basta olhar em volta e ver os exemplos das principais capitais europeias, que têm dado importantes passos nesse sentido...

terça-feira, 8 de março de 2011

Pedalando em São Paulo: Maurício Alcântara

Maurício Alcântara tem 26 anos e vive na cidade de São Paulo (Brasil). Há precisamente um ano, decidiu deixar o carro em casa e passar a ir de bicicleta para o trabalho. Para ele, o uso da bicicleta traduz-se em agilidade, economia e prazer. Vejamos o que tem para nos contar...

Há quanto tempo vais de bicicleta para o trabalho?
Vou ao trabalho de bicicleta há apenas 1 ano, exatamente. Comecei em dezembro de 2009.

Porque decidiste começar a ir de bicicleta?
Foram vários fatores. Um deles é geográfico: há 1 ano me mudei da casa de meus pais para o centro de São Paulo. Meu trajeto cotidiano, que antes ultrapassava 50 Km percorridos diariamente, agora é de no mínimo 10 Km, considerando ida e volta.

Outro aspecto foi uma questão ética: antes dirigia diariamente por uma das avenidas mais importantes de SP, a Marginal Tietê (uma avenida assustadoramente feia, que beira o poluído rio Tietê, é de uma violência absurda ao meio ambiente e ao olhar). Teve um dia, em junho de 2009, em que saí tarde do trabalho e presenciei uma obra do governo do estado derrubando árvores centenárias, na calada da noite, para as obras de expansão que aconteceram ali para tornar a avenida mais trafegável aos carros particulares. Depois desse dia, decidi que não teria mais carro por não compactuar com essa violência contra a cidade.  

O terceiro aspecto é meu interesse na pesquisa acadêmica do urbanismo e da relação das pessoas com as cidades (em especial a relação do paulistano com SP) - a bicicleta confere o resgate do que eu chamo de dimensão humana da cidade, que foi perdida a partir do momento em que a topologia, a geografia e o habitat passaram a ser despercebidos pelo corpo e pelos sentidos de quem vive nesse ambiente urbano, graças à adoção do motor como intermediário castrador dessa relação entre o indivíduo e a cidade.  

Ainda tem o fator sedentarismo: não pratico esportes pois não tenho paciência para atividades físicas que consumam meu tempo sem me oferecer nada em troca além da pratica esportiva por si só. Em troca do esforço físico, a bicicleta ainda me oferece deslocamento ágil até meus destinos, o prazer de circular pela cidade em um ritmo muito mais humano e muito mais livre e ainda o prazer de interagir e fazer amizade com outros ciclistas, que estão aumentando na cidade. 

Que distância percorres nesse percurso? Que tempo demoras?
5 Km de ida, mais 5 de volta. Demoro em torno de 15 a 25 minutos, dependendo do ritmo que eu escolher. Este ano devo iniciar uma nova graduação, e isso deve adicionar cerca de 10 Km adicionais a meu trajeto diário.  

Quais têm sido, no teu caso, as vantagens práticas de utilizar a bicicleta como meio de transporte preferencial?
Listei algumas há pouco, mas ressalto, principalmente: agilidade, economia e prazer.  

De bicicleta só quando dá sol… ou também quando o tempo é mais agreste?
Depende mais de minha agenda do que do clima. Se tenho reuniões com clientes no começo ou no final do dia (quando posso ir ou voltar direto para casa, sem passar pela agência onde trabalho), prefiro o transporte público. Como chove muito em São Paulo sobretudo durante o verão, faço o possível para que isso não seja um impeditivo para ir de bicicleta - sempre carrego uma capa para proteger a bicicleta da chuva durante o dia (o local onde a guardo não é coberto), e me preparo para que minhas coisas não se molhem no trajeto. Só não gosto de ir de bicicleta quando já chove no momento em que saio de casa, por precisar sair com mais antecedência para não chegar atrasado (afinal o processo de chegar, me enxugar e me trocar em dias de chuva toma um tempo bem maior).

Que tipo de bicicletas tens?
Tenho uma mountain bike que é a bicicleta que uso cotidianamente para ir e voltar do trabalho, e tenho uma Caloi 10 de 1982, que é um modelo clássico de bicicleta de estrada muito popular nos anos 70 aqui no Brasil, que uso mais como veículo "de passeio". 

Qual o equipamento que usas no teu dia-a-dia de ciclista?
Uso roupas comuns, do dia a dia (não gosto de "me fantasiar" de ciclista). Na mochila ou no bagageiro sempre carrego ferramentas e acessórios que posso precisar em caso de emergência (bomba, remendo para pneu, chaves diversas, capa de chuva especial para o alforge), além de travas e cadeados. Sempre alterno entre o alforge, a mochila ou uma bolsa transversal (Timbuk2), dependendo da quantidade de coisas a serem transportadas e do clima. De equipamento de segurança, uso somente luzes e capacete (este também com luzes).

Qual a tua ocupação actual?
Sou publicitário, trabalho com planejamento criativo em uma agência de comunicação digital.

O que dizem as pessoas quando lhes contas que vais regularmente de bicicleta para o trabalho?
Em geral enxergam isso como uma excentricidade. Desde os anos 50, no Brasil (acho que em muitos outros lugares também, mas aqui isso acentua-se muito, ao menos aos olhos de quem não pensa assim), carros são sinônimos de poder, status e progresso - para a maioria das pessoas é inconcebível não andar de carro quando se tem poder aquisitivo para fazê-lo. No entanto, muita gente já está tão saturada do martírio que são os congestionamentos, os custos abusivos de manutenção de um carro, da perda de tempo diária, que já começa a enxergar com simpatia a ideia. Ao longo desse 1 ano, éramos duas bicicletas estacionadas no bicicletário de meu trabalho. Hoje já são cerca de 10. Depois que comecei a usar a bicicleta regularmente, muita gente já sinalizou simpatia pela ideia - e ao menos 3 ou 4 pessoas efetivamente aderiram à bicicleta na cidade, ainda que em caráter experimental/de lazer.

Tens alguma peripécia relacionada com o uso da bicicleta, divertida ou interessante, que queiras partilhar?
Quando comecei a andar de bicicleta, tive um imenso incentivo por parte de amigos que já pedalavam por São Paulo. Como retribuição a esse "empurrão" que tive, faço o possível para auxiliar todos os amigos e colegas que sinalizam algum interesse pela prática. Por isso, vez ou outra publico em meu blog (www.maucantara.com) textos que buscam desmistificar a prática, para que as pessoas enxerguem menos como uma atividade excêntrica e mais como uma outra possibilidade. Não necessariamente melhor que outras, mas que também não é necessariamente ruim como muitos acham. Andar de bicicleta não é necessariamente sinônimo de suor, pobreza ou iminência constante da morte como as pessoas imaginam.

Praticas algum tipo de desporto, para além do teu percurso diário de bicicleta?
O único esporte (ou desporto, hehe) que tento praticar com alguma regularidade é a natação. Como disse anteriormente, não tenho paciência para os demais...

O que pensas da cidade de São Paulo, no que se refere às infra-estruturas rodoviárias existentes e à relação com os ciclistas?
São Paulo é uma cidade assustadoramente austera a qualquer pessoa, seja de carro, de transporte público, de bicicleta. A cidade é grande, cresceu vertiginosamente em pouco menos de 100 anos, sem o devido cuidado das autoridades para definir diretrizes que garantissem uma qualidade mínima dos serviços públicos para comportar esse crescimento. Praticamente inexistem ciclovias, e as poucas iniciativas que existem ainda tratam a bicicleta mais como um veículo de lazer do que como uma modalidade de transporte metropolitano. E pelas dimensões de São Paulo, torna-se praticamente impossível uma malha cicloviária que dê conta da cidade toda. Por isso, a grande luta dos ciclistas em São Paulo é para conquistar respeito nas próprias ruas, que são espaços que é nosso por direito (assegurado pelo código de trânsito brasileiro). Mas como os motoristas estão acostumados com iniciativas públicas que somente privilegiam o transporte privado e individual, andar de bicicleta é um exercício que também assume um caráter educativo e de militância (daí a importância da Massa Crítica, que aqui foi batizada como Bicicletada). No fundo, percebe-se que a maioria dos motoristas vê com bons olhos quem trafega de bicicleta, e que é uma minoria que não quer saber conviver com essa diversidade.  

terça-feira, 1 de março de 2011

Foto da Massa Crítica de Fevereiro (Braga)

A Massa Crítica de Fevereiro contou com 15 participantes em Braga. Aqui fica uma fotografia do momento em que o grupo se encontrava a reunir, junto ao chafariz da Arcada. Obrigado ao Francisco pelo envio da foto.