domingo, 6 de fevereiro de 2011

Poupar dinheiro no dia-a-dia utilizando a bicicleta

Um dos motivos mais habituais para se passar a deixar o carro em casa e começar a usar a bicicleta é a poupança económica. A bicicleta é um veículo altamente eficiente em termos energéticos e que, ao não consumir combustível, permanece imune aos sucessivos aumentos dos preços do petróleo.

Poupança nas deslocações casa-trabalho


A calculadora de poupança com o uso da bicicleta, que temos disponível para download na pagina Úteis, permite-nos ficar rapidamente com uma ideia dos montantes envolvidos. Por exemplo, o meu percurso atual de 4km de casa para o trabalho (16km por dia) resulta uma poupança de aproximadamente 57 euros por mês em combustível e manutenção, sem contar as eventuais despesas de estacionamento.

Poupança noutras deslocações


Mas as oportunidades de poupar usando a bicicleta não se resumem às deslocações para o emprego. A partir do momento em que passamos a dispor deste meio de transporte alternativo, vão surgindo muitas outras situações em que o automóvel se torna perfeitamente dispensável. Pode ser por exemplo uma ida às compras, uma ida aos Correios ou uma saída para tomar café com os amigos. De bicicleta é geralmente mais rápido, porque demora menos tempo a sair da garagem e a encontrar estacionamento, e é um transporte direto porta-a-porta.

Para além disso, é possível combinar a bicicleta com outros transportes públicos, de modo a obter as vantagens de ambas as modalidades. Vou dar um exemplo muito simples que experimentei esta semana.

Moro atualmente em Braga, e costumo ir todos os anos a uma consulta médica de rotina no Porto. A distância de carro é de cerca de 60km e paga-se 3,05 € de portagens em cada sentido. Usando a nossa calculadora oficial, percebemos que a viagem de carro (120km) custaria 21,50€ em combustível e manutenção, mais 6,10€ de portagens, mais cerca de 3 euros em estacionamento. Ou seja, 30,60 euros.

Outra opção seria ir de comboio e usar o metro para ir da estação de S. Bento até ao local. Podemos levar o carro até à estação de Braga e deixá-lo lá estacionado todo o dia - apresentando o bilhete do comboio, temos um desconto e só pagamos 2 euros de estacionamento. Neste caso, teria uma pequena deslocação de carro casa-estação, de 3,5km, ou seja, 1,25 euros em ida-e-volta. Quanto ao comboio, o bilhete de ida-e-volta para o Porto custa 4,60€. No metro, paga-se 1,30€ para ir até à estação mais próxima, que fica a uns 7 minutos a pé do local pretendido. Fazendo as contas, dá uma despesa total de 8,45 euros. Um número bem mais simpático do que se fosse de carro...

Finalmente, uma terceira possibilidade era ir de bicicleta, utilizando-a para substituir o carro e o metro. Afinal, as distâncias de casa à estação de Braga e da estação de S. Bento ao local de destino são de apenas 3 ou 4 km, algo que se faz muito facilmente de bicicleta. Foi o que fiz esta semana, e correu muito bem. Escolhi previamente o percurso no mapa, e foi até uma viagem bem agradável. É certo que demorei um pouco mais do que se tivesse ido de carro, mas pude aproveitar a viagem de comboio para pôr umas leituras em dia e responder a uns emails pendentes. E, como bónus, acabei por gastar apenas os 4,60 euros do bilhete de comboio.

Resumindo, numa simples viagem Braga-Porto, é possível poupar qualquer coisa como 26 euros, deixando o carro em casa e optando em vez disso por combinar a bicicleta com o comboio. Impressionante, não é?

Outras contas...


Tal como eu, muitas outras pessoas se têm questionado sobre o fardo que por vezes se torna o automóvel na nossa cultura. Abaixo seguem alguns links para artigos que abordam uma temática semelhante, em variados contextos:

Exercício Prático: Bicicleta + Transportes vs Automovel
(R. Guerreiro, no blog Qualidade de Vida)

Cálculo da poupança de combustível por km diário de uso da bicicleta
(Bruno Santos, no Cenas a Pedal, o blog)

Você sabe quanto custa ter e, principalmente, manter um automóvel?
(Ricardo Fiorini, no Blog da FreeCycle)

Qual o veículo de transporte com melhor relação custo-benefício?
(Carlos Rossi, no site Shvoong.com)

Commuting cost analysis: Bus vs. Bike vs. Car
(Steward, no blog My Family's Money)

Auto Costs Versus Bike Costs
(Ken Kifer, no site Ken Kifer's Bike Pages)

The Costs of Owning a Car
(Jim Motavalli, no The New York Times)

...e muitos outros exemplos se poderiam certamente indicar. Caso o leitor conheça algum artigo interessante sobre esta temática, poderá sempre sugerir a sua consulta deixando abaixo um comentário com o link para a respectiva página.

2 comentários:

Teresa Palma disse...

Belas contas que eu faço e refaço para o meu caso. O conselho aqui é investir logo num bom cadeado (ou dois, li algures num destes blogues de bicicletas que o truque é usar em simultâneo dois cadeados diferentes pois os ladrões tendem a especializar-se apenas num tipo) pois um único roubo anula a poupança de um ano e picos. Falo por mim, que num espaço de três meses vi "partirem" duas. considerando que a poupança é de 13 euros mês (passe CP apenas vs combinado CP-metro), 11 meses ano é multiplicar... Enfim, ganhei em boa disposição e talvez até, quem sabe, tenha poupado nas despesas da terapia mental.

Victor Domingos disse...

Sim, a questão da segurança do estacionamento é muitíssimo pertinente, e lamento a sua perda.

Todos nos conhecemos familiares, amigos ou vizinhos a quem já roubaram carros ou bicicletas. O roubo de bicicletas é um prejuízo considerável e um forte argumento contra a sua utilização. À falta de estacionamento seguro para bicicletas em Portugal, temos que ser particularmente cuidadosos e criativos na forma como defendemos o que é nosso. No meu caso, desde o início que optei por uma bicicleta dobrável: abdiquei de um pouco de conforto em troca da conveniência de poder levar a bicicleta para dentro do local de trabalho ou de outros locais onde me desloco. Cheguei a comprar um desses cadeados -em que não confio o suficiente - mas nunca o usei até hoje... No caso de uma bicicleta não-dobrável, todo o cuidado é pouco. Ter a bicicleta dentro do nosso campo de visão é o ideal. Prender com um cadeado em U e mais algum outro, prendendo todas as partes principais da bicicleta é também importante. E escolher um local onde haja boa visibilidade e, de preferencia, varias bicicletas estacionadas.

Devo dizer que os roubos são também enormes prejuízos para quem circula de carro. Tenho um familiar a quem roubaram o carro na sua garagem de casa. Tenho um amigo a quem roubaram o carro na rua. E tenho um vizinho a quem roubaram o carro do estacionamento ao ar livre, junto a um centro comercial...