sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Carta aberta à Câmara Municipal de Braga e Junta de Freguesia de S. Vítor

Farto de assistir a acidentes patetas, completamente indesejáveis e perfeitamente evitáveis na minha rua, decidi enviar uma carta aberta aos órgãos autárquicos locais. Não sei se terá algum efeito prático imediato, mas espero que contribua para sensibilizar os responsáveis para as questões que afetam o bem-estar dos cidadãos. Logo que tiver uma resposta de uma ou de outra parte, darei aqui conhecimento da mesma.


Ex.mos Srs.

Venho trazer ao v/ conhecimento uma situação de alguma gravidade na qual considero que a Autarquia tem uma quota de responsabilidade, se não nas causas, pelo menos na sua possível resolução. Trata-se do ordenamento de trânsito na Avenida Antero de Quental (junto ao centro comercial Braga Parque) e ruas adjacentes.

Quando esta área comercial e habitacional foi criada, a Av. Antero de Quental tinha duas faixas de circulação em cada sentido, e mais duas filas de estacionamento nas bermas (uma em cada sentido de circulação). Na altura, recordo-me de ver que o excesso de viaturas automóveis estacionadas era tal que os automobilistas começaram a estacionar ilegalmente na via pública, junto ao separador central. A resposta da autarquia, ou da autoridade com competência nessa área, passou por institucionalizar esse estacionamento que antes era ilegal. A partir daí, passou a haver apenas uma via de circulação em cada sentido (que considero suficiente) e quatro faixas para estacionamento automóvel (as duas já existentes nas bermas, mais duas junto ao separador central). Isso permitiu acolher aproximadamente o dobro dos automóveis, mas criou outros problemas. Para além do número de passadeiras insuficientes para os moradores da Avenida que se deslocam ao BragaParque ou ao ecoponto que se encontra junto ao centro comercial, o estacionamento junto ao separador central veio reduzir a visibilidade nos cruzamentos com a Rua Álvaro Dória, entre outras.

A situação é particularmente grave porque está constantemente a haver acidentes nesses cruzamentos. Ainda que caiba aos automobilistas moderar a sua velocidade e assegurar a correta observância das regras de prioridade, enquanto morador considero que é praticamente inexistente a fiscalização pelas autoridades e, mais grave ainda, é extremamente difícil antever os veículos que se aproximam da esquerda dado que os veículos estacionados no centro até ao próprio cruzamento retiram a visibilidade.

Adicionalmente, é com alguma frequência que os veículos pesados longos que passam nesta zona não conseguem manobrar nos cruzamentos por causa do estacionamento excessivo.

Possíveis soluções poderiam passar por uma ou várias das seguintes medidas:

a) Eliminar completamente o estacionamento no meio da via, reservando o espaço adicional para passeios mais largos e/ou ciclovias de cariz utilitário.

b) Em alternativa, no mínimo, encurtar o estacionamento de modo a reservar alguns metros livres, que assegurem uma boa visibilidade em todos os cruzamentos,

c) Outra possibilidade a considerar seriamente seria implementar uma "Zona 30", com prioridade a peões e ciclistas, à semelhança do que já vai sendo feito noutros países europeus, nas zonas habitacionais.

d) Fiscalizar regularmente o estacionamento e o cumprimento de limites de velocidade na área em questão.

e) Criar estacionamento seguro e em quantidade alargada para bicicletas (seguindo as recomendações de design e localização da MUBI e da FPCUB) junto ao Braga Parque, de modo a reduzir a necessidade de recorrer ao automóvel para as deslocações a esta zona.

Porque o desenvolvimento de uma cidade não se mede na quantidade de automóveis que nela estacionam ou circulam, mas sim na qualidade de vida e no bem-estar dos cidadãos, é urgente repensar a cidade de Braga a uma nova luz. O automóvel não pode ser o objetivo principal das políticas de urbanismo: em primeiro lugar estão os cidadãos e o seu bem-estar. Daí que seja essencial apostar em boas condições para quem anda a pé ou de bicicleta (mesmo os próprios automobilistas também são peões quando não estão a usar o carro).

Espero que esta comunicação possa contribuir para a melhoria futura das condições de vida nesta zona e na cidade de Braga, e gostaria de receber uma resposta da v/ parte relativamente à posição da autarquia quanto aos assuntos expostos.

Sem outro assunto de momento, subscrevo-me com os melhores cumprimentos.
Victor Domingos

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