Quem me conhece sabe que, para além de me fazer deslocar de bicicleta para todo o lado na cidade de Braga, também toco trombone numa banda filarmónica. Ora acontece que a minha banda veio este ano animar uma vez mais as festividades são-joaninas desta cidade. Foi este domingo. Não resisti, e acabei por ir de bicicleta.
O primeiro desafio consistia em fazer transportar um estojo gigante na bagageira da bicicleta. Felizmente, tinha à mão um esticador elástico Triobinder Hook, que desempenhou o seu papel na perfeição. A bagageira da minha bicicleta passou assim a medir cerca de um metro de largura...
Durante o dia, precisei de prender a bicicleta em vários locais da cidade, conforme as exigências do serviço. Logo de manhã, na Avenida Central, deparei-me com a já habitual ausência de estacionamentos para bicicletas. Resolvi como pude, improvisando um lugar de estacionamento com um dos arcos que integravam a decoração festiva.
Mais tarde, já no Parque de S. João da Ponte, que foi recentemente objeto de obras de regeneração, senti falta de um local próprio para prender a bicicleta em segurança. Não havia, apesar das tais obras recentes. Uma vez mais, socorri-me da minha capacidade de desenrasque e prendi a bicicleta nos bastidores do coreto onde a minha banda ia passar a manhã a tocar.
Podia deitar um olho de vez em quando à bicicleta, o que me deixava um pouco mais descansado. No dia de S. João, o sol convidava e muitos eram os ciclistas que circulavam discretamente pela cidade, por entre o mar de gente. Não foi, por isso de estranhar que, passado pouco tempo, ela tivesse arranjado companhia, como se pode ver na foto.
À hora de almoço, pude desfrutar da bicicleta em todo o seu esplendor: bastou pegar nela e partir descontraidamente em direção a casa para um almoço descansado. Sem filas de trânsito, sem stress a procurar estacionamento, sem volante e bancos a queimar da exposição ao sol…
Mais para o final do dia, à hora da procissão, tive o meu momento de angústia. Tinha de deixar a bicicleta sem supervisão durante cerca de duas horas! Para piorar a situação, junto à Sé de Braga, não existiam estacionamentos nem nada parecido. A afluência de pessoas dificultava a passagem e a procura de um estacionamento improvisado. Acabei por inventar um bicicletário prendendo a bicicleta ao poste de uma esplanada que, por sorte, estava encerrada naquela hora. A minha bagagem ficou confiada à receção de uma albergaria daquela rua. O funcionário foi extremamente simpático. Felizmente, quando a procissão terminou, a bicicleta estava no mesmo sítio onde a tinha deixado. Respirei de alívio...
Há uma primeira vez para tudo, e foi assim a primeira vez que andei de bicicleta de fato e gravata. Apesar do stress de não haver estacionamento de confiança, devo dizer que a experiência correu muito bem. Cheguei a cada um dos destinos rapidamente, sem sujar o fato, sem perder a bagagem, sem suar demasiado... e sem perder a bicicleta.
Nota: O presidente da banda, ao ver-me chegar ao serviço de bicicleta, disse-me: "Isto é o futuro!". Ao que eu respondi: "É mesmo!…"