domingo, 29 de maio de 2011

Muitos eventos com bicicletas por esse país fora, e o seu significado

Na última semana deste Mês das Bicicletas, proliferaram por este país os eventos sociais com bicicletas em contexto urbano. E nem a chuva foi capaz de demover dezenas ou centenas de participantes.

Como vem sendo habitual, na última sexta-feira de cada mês realiza-se de Norte a Sul, e também lá fora, a Bicicletada ou Massa Crítica. Umas vezes com menos participantes, outras com mais. Em Lisboa, diz que houve desta vez 126 participantes a pedalar pela cidade. Certamente que não são os únicos ciclistas urbanos da cidade de Lisboa, até porque estes eventos decorrem habitualmente num horário que para muitos será difícil de conciliar com as obrigações laborais. Mas é bom ver que mesmo assim existe uma forte adesão, mostrando união em torno da ideia de que a bicicleta é uma importante mais-valia para as cidades modernas e que devem ser criadas mais condições para o seu uso generalizado. Parabéns, Lisboa!

Também em Lisboa, realizou-se este sábado o 1º Evento Cycle Chic Lisboa, com quase 200 participantes. A chuva forte que se fez sentir não impediu que as bicicletas saíssem à rua com a naturalidade e elegância que lhes é própria. Parabéns à organização do evento!

Cá por Braga, costuma também realizar-se mensalmente a Massa Crítica (na qual infelizmente não tive ainda a oportunidade de participar), mas ainda não tive notícia sobre a última edição...

Em todo o caso, os Encontros com Pedal têm juntado aos fins de semana alguns dos ciclistas urbanos bracarenses. Com uma vertente um pouco menos reivindicativa e quicá mais prazerosa, juntam miúdos e graúdos em passeios descontraídos pelo centro da cidade. É uma espécie de turismo com os nossos vizinhos quase sem sair de casa - agrada-me particularmente o facto de haver lugar nestes passeios para os ciclistas de todas as idades.

Esta semana, houve ainda lugar para uma pedalada em dia útil, inserida na iniciativa "MOVE-TE PELA ESCLEROSE MÚLTIPLA". A organização dos Encontros com Pedal ajudou na divulgação do evento na cidade de Braga, mas pedaladas e caminhadas semelhantes decorreram no mesmo dia em cerca de uma dezena de cidades portuguesas. Mesmo não sendo um evento de promoção do ciclismo utilitário, não deixa de ser uma forma útil de dar uso à bicicleta.

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Este tipo de eventos, que proliferam com a chegada da primavera e a aproximação do verão, mostram que 1) há muitas bicicletas prontas a usar nas cidades e que 2) há vontade de as usar. Falta apenas qualquer coisa para que essa vontade se concretize de forma mais frequente e generalizada.

A um nível individual, falta perder o receio de ser visto como um "maluquinho contra-corrente que deixa o automóvel em casa", e aprender a circular de bicicleta nas ruas da cidade de forma segura e eficiente. Para além do conhecimento do Código da Estrada, pode ser particularmente útil o contacto com ciclistas urbanos mais experientes, ou então a leitura das suas experiências, algo que é extremamente fácil de encontrar na Internet. As comunidades de ciclistas urbanos, como os Encontros com Pedal, a Massa Crítica e a MUBi, podem certamente dar uma ajuda preciosa nesse processo.

A um nível local, é necessário criar condições que promovam e facilitem o uso normal da bicicleta como meio de transporte. Apontaria, como exemplo, a criação de uma rede de vias cicláveis (não necessariamente ciclovias, mas vias onde esteja efetivamente prevista a circulação de bicicletas) a unir os principais pontos da cidade, com piso, dimensão, inclinação e regulamentação adequada a esse meio de transporte. Muitas dessas vias podem perfeitamente ser as ruas já existentes, com pequenos ajustes na sinalização horizontal e vertical. Noutros casos, pode ser útil por exemplo a demarcação de uma área reservada a ciclistas, ou uma faixa partilhada entre estes e os transportes públicos. Devem estar previstos estacionamentos adequados (isto é, que permitam prender facilmente o quadro e ambas as rodas da bicicleta, sem a danificar), em quantidade suficiente, por toda a cidade.

A um nível nacional, é urgente alterar o Código da Estrada por forma a aumentar a segurança dos ciclistas, por exemplo promovendo uma acalmia de trânsito nos centros urbanos e aplicando o princípio da proteção dos mais vulneráveis (peões ou ciclistas). É também importante promover a formação de condutores (de bicicletas ou eventualmente de outros veículos) desde cedo, nas escolas. O Primeiro Ciclo pode e deve dar os primeiros ensinamentos sobre como se usa uma bicicleta como meio de transporte útil, uma formação que se deve estender ao longo dos ciclos seguintes. As escolas de condução podem e devem aproveitar para propor aos seus clientes cursos de condução de bicicleta - um serviço que para além de ser inovador, fará com que não fiquem de fora da corrida quando o carro deixar de ser a primeira opção. Acrescentaria ainda que em matéria de legislação e Orçamento de Estado muito mais se pode pensar e fazer. Benefícios fiscais para quem opta por comprar e usar bicicleta em vez do carro, subsídio de transporte no emprego para quem for de bicicleta, programas de apoio à compra e utilização de bicicletas utilitárias, etc.

Num tempo em que o orçamento familiar vai encolhendo e o preço do petróleo vai aumentando, é natural que cada vez mais pessoas se interessem por este meio de transporte que além de económico é amigo do ambiente. Parece haver um aumento desse interesse, e podemos mesmo estar num momento-chave para uma evolução positiva em matéria de mobilidade sustentável. Nesta matéria, como afinal em tantas outras, cabe a todos e a cada um dar o seu contributo pessoal.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Meditando a partir das Conversas no Tanque...

Tive a oportunidade de estar presente esta noite na Velha-a-Braga, durante uma edição das Conversas no Tanque dedicada ao tema da mobilidade urbana em bicicleta, onde pudemos escutar na primeira pessoa os testemunhos de Miguel Barbot (Um pé no Porto e outro no pedal) e Sérgio Moura (De Bicicleta no Porto).

Falou-se um pouco de tudo - da escolha da bicicleta certa para pedalar na cidade, das ciclovias, dos capacetes, das alterações que é preciso fazer ao Código da Estrada, dos mitos dos declives, dos exemplos de Amesterdão ou Portland, da falta de estacionamento para bicicletas, do impacto positivo do uso da bicicleta na qualidade de vida das pessoas e na sua relação com a sua cidade, etc...

Isto de eleger a bicicleta como meio de transporte preferencial é uma coisa simples, mas que tem muito que se lhe diga. Há inúmeras questões de ordem prática, que interessam aos utilizadores desse meio de transporte. Mas há muitas outras questões. Por exemplo, nas áreas da Educação (a necessidade de formar peões, ciclistas e automobilistas responsáveis desde o início da idade escolar), do Urbanismo (localização das áreas habitacionais, a falta de uma rede de vias realmente cicláveis a unir os principais pontos da cidade, os estacionamentos para bicicletas, a integração com transportes públicos) e da Legislação (a necessidade de rever o Código da Estrada dando mais proteção e prioridade aos ciclistas).

Tirando o facto de a assistência a este tipo de eventos ser, como habitualmente, reduzida a um pequeno grupo de pessoas, diria que esta reunião soube a pouco, porque muito haveria ainda para conversar. Mas ainda assim, seria bom que os temas abordados chegassem aos ouvidos de certas classes dirigentes da cidade de Braga.

Num futuro mais ou menos próximo, talvez outros eventos um pouco mais formais possam vir a contar com representações oficiais das juntas de freguesia, da câmara municipal e de outras instituições responsáveis pelo planeamento urbano. Quem sabe, possa até proceder-se à elaboração de um conjunto de atas a fornecer à comunicação social e a essas mesmas instituições.

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O futuro da bicicleta em cidades como Braga passa também, em grande medida, pela promoção efetiva deste meio de transporte junto da população escolar e universitária (incluindo alunos e docentes). É algo que não pode ser descurado, pelo que é necessário sensibilizar e envolver associações de pais (quem é que não gostaria de ver os seus filhos a pedalar em segurança até à escola, em vez de enfrentar uma fila de carros?...), alunos, docentes e ainda os diretores das escolas.

Para quê? Para ajudar os órgãos decisores a delinear soluções práticas e funcionais em termos de urbanismo, mas sem descurar a educação do público jovem numa área tão importante como é a circulação rodoviária. O objetivo seria, a médio prazo, criar condições para que muitos pais acompanhassem os seus filhos à escola em bicicleta e que os alunos mais crescidos passassem a utilizar esse meio de transporte na deslocação casa-escola, em segurança.

Para quem vive numa cidade como Braga e não anda de bicicleta nem se interessa por estas questões, pode parecer um cenário idílico e idealista. Mas não é. Há escolas portuguesas onde já se promove o uso da bicicleta - e onde a bicicleta é efetivamente utilizada pelos alunos.

Hoje é dia de Bicicletada (Massa Crítica)

Tal como já vem sendo habitual, na última sexta-feira do mês - que por acaso é hoje mesmo - realiza-se em várias cidades portuguesas e estrangeiras a Massa Crítica (ou bicicletada). De norte a sul, e em diferentes continentes, os ciclistas urbanos (habituais ou esporádicos) unem-se para partilhar e celebrar a mobilidade sustentável. É uma oportunidade para partilhar experiências, divulgar a bicicleta enquanto meio de transporte útil e sensibilizar a população.

O contexto de grupo aumenta a visibilidade das bicicletas, tornando assim um pouco mais segura a sua circulação na via pública, no trânsito. Em todo o caso, dado que este evento decorre ao final da tarde, nunca é demais lembrar que é boa ideia levar roupas claras e, sobretudo, usar refletores e luzes nas bicicletas.

Em Braga, o ponto de encontro escolhido é o chafariz da Arcada (Av. Central, a partir das 18h30). Se estiver por perto de Braga, já sabe: pegue na sua bicicleta e venha para a rua celebrar a mobilidade sustentável!

Mais informações estão disponíveis na página da Massa Crítica Braga, no Facebook, ou no site da Massa Crítica - Portugal.

Apareçam!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Conversas no Tanque, com Miguel Barbot e Sérgio Moura

Esta quinta-feira, as Conversas no Tanque, organizadas pela associação Velha-a-Branca, trazem até Braga duas pessoas bem conhecidas no âmbito da mobilidade urbana em bicicleta: Miguel Barbot e Sérgio Moura. O tema desta sessão é, precisamente, a bicicleta na cidade, o seu uso como meio de transporte e como forma de transformação positiva do meio urbano. Será certamente uma noite bem agradável!

MIGUEL BARBOT tem 34 anos. É consultor de marketing e inovação e dinamizador da Associação de Cidadãos do Porto e do Movimento Cidades pela Retoma. Anda de bicicleta porque faz bem à saúde e o leva a mais sítios da cidade e mais rapidamente do que o carro. Assim, poupa mais de 1600 euros por ano. No blogue 1penoporto.wordpress.com, pretende relatar a sua experiência do dia-a-dia e oferecer as notícias mais relevantes para a mobilidade sustentável no Porto.

SÉRGIO MOURA tem 34 anos e vive no Porto. Arquitecto umas vezes, fotógrafo outras, vai dividindo o seu tempo entre uma profissão e uma obsessão. A bicicleta surge muito naturalmente entre as duas, como forma de locomoção e bem estar. Sempre a utilizou desde muito novo e há aproximadamente três anos começou a usá-la de forma mais consciente e sistemática, criando o blogue bicicletanoporto.blogspot.com.

Mini-sondagem #2: Quanto custou a bicicleta que utiliza com mais frequência?

Depois de uma primeira experiência que contou com uma excelente participação dos leitores (e que uma vez mais agradeço), venho hoje introduzir a segunda questão nesta série de mini-sondagens.

Pretende-se desta vez averiguar quais as faixas de preços mais populares nas bicicletas que vocês utilizam com mais frequência. Se tiverem mais do que uma bicicleta, refere-se àquela que é mais usada. De notar que, na resposta a esta questão, não devem ser incluídos acessórios ou upgrades feitos posteriormente à data da compra. Ou seja, trata-se apenas do custo inicial de aquisição da bicicleta.

Estão, desde já, convidados a participar e divulgar esta mini-sondagem junto dos vossos amigos que também andam a pedal. Obrigado a todos!

Resultados da mini-sondagem #1

Costuma utilizar uma bicicleta no seu dia-a-dia?

De regresso ao pedal

Após uma longa interrupção que pareceu quase interminável, volto amanhã a pedalar nas ruas de Braga.

Pelo caminho, a bicicleta levou um eixo pedaleiro novo, uma pedaleira nova e uma nova corrente. Ainda foi uma despesa de algumas dezenas de euros, é certo. Mas, afinal de contas, foi menos do que aquilo que tive de gastar em gasolina e estacionamento ao longo deste período em que fiquei sem bicicleta. Tive pena de perder a brisa e a passagem pela animação das ruas do centro, e de ter de enfrentar repetidamente algumas filas de trânsito num carro aquecido pelo sol que tem estado nas últimas semanas.

Mas chega de queixumes e vamos lá mas é pedalar!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Mini-sondagem #1: Costuma utilizar uma bicicleta no seu dia-a-dia? [terminada]

Com este brevíssimo artigo, venho introduzir mais uma pequena rubrica neste blog. Em jeito de mini-sondagem, colocarei regularmente aos leitores questões simples e de resposta rápida, relacionadas de com a utilização da bicicleta.

Juntamente com os comentários a artigos, estas mini-sondagens permitem uma certa interatividade com o público e algum conhecimento geral sobre os leitores do blog.

Fica, pois, o convite à vossa participação, que desde já agradeço.

Actualização: Esta mini-sondagem já terminou. Agradeço a todos os que participaram. Poderão consultar os resultados nesta página.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Ainda ontem eu dizia...

Ainda ontem dizia eu que uma das desvantagens de andar de carro é que é preciso enfrentar os arrumadores, deixar moedas nos parquímetros e/ou contar com os polícias ao virar da esquina. Hoje, pelos vistos, era dia de contar com o polícia ao virar da esquina.

Por coincidência ou não, no banco ou vi dizer que esta manhã tinham esgotado o stock de moedas, o que não era habitual...

Em cerca de um mês - mais coisa menos coisa - sem bicicleta e a usar o carro para ir para o trabalho, já devo ter gasto uns 80 euros em gasolina, mas 4 ou 5 euros a limpar o para-brisas do servicinho dos pombos, mais uma quantia indeterminada em talões de estacionamento... e mais estes 9,50 euros de gorgeta aos senhores da Polícia Municipal. Contas feitas, já dava para ter comprado uma bicicleta suplente em segunda mão.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

As saudades que eu já tinha da minha alegre bicicletinha...

Com a bicicleta enfiada na oficina, pega-se no carro e atura-se um pouco de tudo: pombos que teimam em fazer do carro uma retrete, filas de carros a fumegar no para-arranca, arrumadores a pedir moeda no estacionamento, máquina a pedir moeda também no estacionamento - ou o polícia talvez à espera ao virar da esquina, carros que acidentalmente nos dão cabo da pintura e de algo mais, gasolina ao preço de... bem, de alguma coisa que poderia ser mais frutífera. Etc.

Devo dizer que nunca pensei que reparar a transmissão de uma bicicleta pudesse ser tão demorado. Estou há praticamente um mês sem bicicleta, em repetida frustração. Primeiro, uma serie de eixos pedaleiros que não serviam. Depois de aparecer o eixo certo, agora é o prato pedaleiro que não aparece.

Entretanto, lá ando eu de latinha no meio dos popós... Alguém me empresta uma bicicleta por uns tempos? :-)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Cenas a Pedal - uma empresa portuguesa dedicada ao ciclismo utilitário

Há muitas lojas de bicicletas por esse país fora, e é certo que a melhor loja é muitas vezes aquela que está ao virar da esquina, onde estão as pessoas a quem podemos recorrer a cada momento. No entanto, no nosso país a maior parte das lojas continuam vocacionadas para o ciclismo de desporto e aventura, e com uma oferta relativamente pobre em matéria de ciclismo utilitário. É precisamente nesse âmbito que gostaria de destacar uma loja de que tenho lido e ouvido falar muitas coisas boas.

Falo da loja on-line Cenas a Pedal, uma loja portuguesa especializada em bicicletas e triciclos utilitários, e que comercializa ainda um vasto leque de componentes e acessórios destinados ao mesmo público-alvo.

Para além da importação e venda de bicicletas e afins, esta empresa fundada há cerca de 5 anos por Ana Pereira e Bruno Santos dedica-se ainda a outros serviços bem interessantes na região de Lisboa. Destacaria dois que me parecem exemplificar o posicionamento alternativo e inovador da Cenas a Pedal no mercado português.

Em primeiro lugar, salientaria o facto de esta empresa disponibilizar aulas particulares e cursos de formação de condução de bicicleta para adultos e crianças, um tipo de serviço especialmente útil para quem quer começar a usar a bicicleta e tem medo de se aventurar nas ruas, ou para quem quer que os seus filhos aprendam desde cedo a circular no trânsito em segurança.

Depois, há o inovador Bicycle Repair Man, um serviço de mecânica no local, para casos de emergência. Ou seja, se temos uma avaria na bicicleta a meio do caminho e precisamos de ajuda, podemos ligar a um mecânico para pedir ajuda. No caso de não ser possível realizar a reparação no local, é ainda possível contratar um serviço de reboque num bike trailer até à oficina mais próxima.

- Quero algo assim cá em Braga! :-)

A propósito, a Cenas a Pedal vai abrir esta sexta-feira um novo ateliê, onde estará instalado o escritório de consultoria e projetos, um showroom dos produtos da loja on-line e a oficina, e onde haverá também bicicletas, patinetes e triciclos de demonstração e para alugar. Já sabem, se andarem pela zona de Lisboa ao fim da tarde de 6ª, apareçam para conhecer o espaço e as pessoas envolvidas no projeto. Mais informações nesta página.