quinta-feira, 7 de abril de 2011

Pedalando em Lisboa e Margem Sul do Tejo: Raquel Guerreiro

Raquel Guerreiro tem 25 anos (mas muita gente lhe pergunta se tem 18), e utiliza diariamente a sua pasteleira ninja em conjunto com os transportes públicos para se deslocar na zona de Lisboa. Vejamos o que tem para nos contar...

Há quanto tempo vais de bicicleta para o trabalho/universidade?
Há cerca de 10 meses mais coisa menos coisa.

Porque decidiste começar a ir de bicicleta?
Há três anos visitei a Dinamarca e fiquei espantada com o modo de vida deles, em particular com o uso da bicicleta. Quando voltei a Portugal não pude implementar aquilo que tinha visto, pois vivia muito longe de onde estudava/trabalhava. No ano passado fui viver para mais perto e assim que tive a vida organizada passei a usar a bicicleta e os transportes públicos.

Que distância percorres nesse percurso? Que tempo demoras?
Faço 6 quilómetros até ao barco do Seixal (entre 15 a 25 minutos, depende da pedalada) e depois menos de um quilómetro entre a estação de comboio da Cruz Quebrada até ao meu destino (o tempo depende dos semáforos, mas nunca mais de 4 ou 5 minutos).

Quais têm sido, no teu caso, as vantagens práticas de utilizar a bicicleta como meio de transporte preferencial?
Tantas! Poupo centenas de euros por mês, ganho saúde, mantenho-me em forma, não poluo, tenho menos stress, tornei-me mais consciente da minha cidade, formei um blog, participo em atividades relacionadas com mobilidade sustentada, conheci imensas pessoas e fiquei muito mais pro-ativa em questões relacionadas com a cidadania e a qualidade de vida em Portugal.

De bicicleta só quando dá sol… ou também quando o tempo é mais agreste?
De bicicleta sempre que posso. Quando o tempo é agreste sou corajosa até certo ponto, o frio, nevoeiro, chuva moderada ou calor intenso nunca me incomodaram, mas quando está muito vento ou muita chuva deixo a bicicleta em casa.

Que tipo de bicicleta tens?
Tenho uma pasteleira, que é excelente para transportar coisas. Costumo dizer que ela é uma pasteleira ninja pois vem equipada com suspensões, pneus mais largos e 6 mudanças para facilitar nas subidas. Uso-a sempre que posso para ir trabalhar e para ir para a faculdade.

Qual o equipamento que usas no teu dia-a-dia de ciclista?
Uso a minha roupa normal e capacete nem vê-lo! Sou uma forte aderente do cyclechic. Na verdade até já reparei que quando vou de bicicleta tenho tendência para me vestir um pouco melhor. Em termos de iluminação pus uma luz na traseira para ser mais visível de noite.

Qual a tua ocupação atual?
Trabalho num laboratório de fisiologia com atletas de alto rendimento e estou a tirar um mestrado em Treino de Alto Rendimento.

O que dizem as pessoas quando lhes contas que vais regularmente de bicicleta para o trabalho/universidade?
Já tive as mais diversas reações. Olhares de pena, comentários engraçadinhos, comentários insultuosos, reações de admiração, espanto e até já convenci umas quantas pessoas a experimentarem. Depende muito de com quem falamos.

Tens alguma peripécia relacionada com o uso da bicicleta, divertida ou interessante, que queiras partilhar?
Muitas! A mais surrealista foi um grupo fotógrafos que me “apanharam” e perguntaram se me podiam fotografar com a minha bicicleta. Eu disse que sim e em plena rua fizemos uma sessão fotográfica. Foi muito engraçado, senti-me uma estrela!

Praticas algum tipo de desporto, para além do teu percurso diário de bicicleta?
Sempre fiz muito desporto e não consigo conceber a minha vida de outro modo. Pratiquei taekwondo durante 13 anos, pelo meio fiz kickboxing, muay-thai, natação, basquete, ténis… Faço algo sempre que posso e gosto de variar.

O que pensas da tua cidade, no que se refere às infraestruturas rodoviárias existentes e à relação com os ciclistas?
As infraestruturas são poucas e muito fraquinhas e a relação com os ciclistas é muito pobre. No entanto tenho que admitir que vejo esforço por parte de certas pessoas e instituições para melhorar este panorama, e pouco a pouco lá se vai conseguindo qualquer coisa.

Sem comentários: